Untitled - Alexander Calder (1975)
* * *
O mundo está repleto de agentes de intermediação e, portanto, para se singrar ou se abre os cordões à bolsa e se injetam fundos que abrirão as portas (pagar para passar à frente), ou se tem de refrear as expetativas e aceitar que mesmo quem é bom (já para não falar de quem é mau ou mediano) poderá estar condenado a ser invisível e inconsequente no alcance que granjeia. Uma alternativa a este mecanismo é o escândalo, daí que muitos optem pela explicitação agressiva do que é baixo e imoral, inclusive pela mentira descarada na forma de notícia ou boato. Tudo caminhos para passar à frente e conquistar território mediático.
Isto acontece porque, se hoje há meios materiais e competências técnicas/artísticas com fartura, há também um manifesto excesso de oferta que leva ao negócio assente no controlo dos ecossistemas (noticiosos, culturais, tecnológicos, etc). Se queres ganhar num qualquer jogo ao teu amigo ou concidadão, gastas dinheiro e compras uma dada vantagem proporcional ao que estás disposto a pagar. Se queres ter mais visibilidade no que fazes ou queres comunicar, gastas dinheiro e compras o alcance que satisfaz o teu ego. Já não chega ter talento e trabalhar de modo gratuito e consistente: há portagens por todo o lado, e só quem as paga (ou arranja quem lhas pague) é que existe nas auto-estradas para onde todos estão a olhar e frequentam (à procura novidade, por exemplo), incluindo nos tempos livres e a respeito de coisas como cultura, educação ou lazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário