O livro A República, da autoria de Platão, narra um extenso diálogo que tem como orador principal Sócrates, e como temas maiores a identificação daquilo que deve ser uma cidade, do tipo de homens que nela podem habitar (cidadãos), e das consequências que isso comporta.
A primeira metade do livro, por sinal bastante rica em ideias e considerações dignas de reflexão, acaba por funcionar como um acto preparatório para a magia da segunda metade, nomeadamente porque o leitor de hoje provavelmente carece de um apaziguamento com o estilo de escrita desta secular obra, toda desenvolvida na forma de permanentes diálogos.
Da magistral segunda metade do livro realçaria três grandes assuntos: o incontornável mito da caverna, a hierarquização e descrição das diferentes formas de governo (monarquia, timocracia, oligarquia, democracia, tirania), e finalmente a descrição enigmática da mecânica do mundo na óptica da eternidade das almas em contraposição à finitude da vida física.
No seu todo, a polpa d'A República provém do génio do filósofo Sócrates, que fornece por via do registo escrito deixado por Platão mensagens e esclarecimentos de um tal calibre que facilmente incorre na condição de incomparável com qualquer outra coisa que se tenha lido nesta temática.
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