Aquilo que justifica gostarmos de algo em detrimento de outras coisas é o prisma segundo o qual consideramos esse algo comparativamente com as demais coisas preteridas. Nada em si mesmo é preferível ou mais bonito, precisamente porque é aquele que prefere que atribui essa condição às coisas.
Pensamos dominar os critérios do que gostamos com base num querer esclarecedor que vem de dentro. Um querer que provém, assim o julgamos, da nossa identidade personalística e desenvolvimento cultural. Porém, uma fração desse gostar é o produto de influências conjunturais e socioeconómicas e das quais dificilmente nos livramos salvo se estivermos conscientes do seu efeito em nós e do modo como nos subtraem da riqueza de interpretações.
A este respeito, refiram-se os exemplos da comida, dos animais, da música ou do desporto, e note-se como aquilo que identificamos como a nossa preferência, é em verdade uma confusa rede de influências, umas pessoais outras externas. O que dizemos ser bom é-o essencialmente por uma convicção que exageradamente assumimos como nossa, mas que tem muita margem para o não ser.
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